E se eu quisesse falar contigo,
estar contigo?
Apenas contigo, rodeados apenas pela memória
que se sedimentou há infinitos anos?
Porque não tem fim o que desejamos,
o que ainda e sempre ansiamos.
Não devo estar senil, ter perdido a noção
de estar de pé, acordado, ainda caminhante...
Como entretenho minha essência de ser,
se nunca o pude ser?
Acordes de uma melodia que continuo a inventar,
um alinhar de sons e estados de alma.
Não desejo que a quietude da alma me embale
me adormeça para nada sentir, sem poder sonhar.
Acho que sei como é o Universo (pura e sublime petulância minha).
Penso mesmo que o consigo entender, mesmo no que não é entendivel,
compreensivel à luz dos conhecimentos e capacidades que me constituem.
Sou matéria, mas sinto não o ser apenas e só.
Trancende-me o pensamento de estar para além do mensurável.
Confuso quando quero que diversos universos vivam em sintonia,
não se aniquilem nem se sobreponham. Apenas existam a cada momento,
no momento que assim deve ser. Sem me desiquilibrarem, amputarem
as forças que ainda tenho e quero manter. Porque desejo ser também matéria,
algo que possa tocar, sentir o que só assim se deve sentir. Não uma ilusão que sabemos existir.
Poderei ser enganado no universo dos sentidos, matéria ou não matéria?
Porqu entendo apenas existir a matéria e a não matéria.