domingo, 15 de novembro de 2020

Desejo de querer

 E se eu quisesse falar contigo, 

estar contigo?

Apenas contigo, rodeados apenas pela memória

que se sedimentou há infinitos anos?

Porque não tem fim o que desejamos,

o que ainda e sempre ansiamos.

Não devo estar senil, ter perdido a noção

de estar de pé, acordado, ainda caminhante...

Como entretenho minha essência de ser,

se nunca o pude ser?

Acordes de uma melodia que continuo a inventar,

um alinhar de sons e estados de alma.

Não desejo que a quietude da alma me embale

me adormeça para nada sentir, sem poder sonhar.

Acho que sei como é o Universo (pura e sublime petulância minha).

Penso mesmo que o consigo entender, mesmo no que não é entendivel,

compreensivel à luz dos conhecimentos e capacidades que me constituem.

Sou matéria, mas sinto não o ser apenas e só.

Trancende-me o pensamento de  estar para além do mensurável.

Confuso quando quero que diversos universos vivam em sintonia,

não se aniquilem nem se sobreponham. Apenas existam a cada momento,

no momento que assim deve ser. Sem me desiquilibrarem, amputarem

as forças que ainda tenho e quero manter. Porque desejo ser também matéria,

algo que possa tocar, sentir o que só assim se deve sentir. Não uma ilusão que sabemos existir.

Poderei ser enganado no universo dos sentidos, matéria ou não matéria?

Porqu entendo apenas existir a matéria e a não matéria.