terça-feira, 20 de abril de 2021

De partida

Estou, estando indefinidamente, assim...

Não me cabe definir em palavras,

se coragem me falta para te abraçar.

Por uma última vez que seja,

jão não suporto mais.

Pedes-me com o olhar,

esse lindo olhar que eu sempre amarei.

Não suporto mais, tenho que fugir...

E não deixo de levar-te comigo, 

sempre fugindo, sempre fugindo...

De que me fiz, de que substância

todo o meu ser é composto?

Que raio me havia de acontecer,

sempre e sempre?

O que é que eu fiz, ou não?

Então, não era assim que a vida era para ser?

Então, como é que era para fazer?

E o amor, o amar, o dar-se por completo?

Não era bem assim? Então de que jeito?

Compreendi tudo errado, virado?

E agora, que não sei ser de outro jeito?


Lugar das Agras, do meu sitio, a vinte de Abril de dois mil e vinte e um

terça-feira, 13 de abril de 2021

Dor

 Devo aqui estar, só porque estou?

Devo assim pensar, sentir?

E se assim não tivesse que ser?

E se eu pudesse pintar com as cores todas,

todas as telas que ainda vou lembrando?

Sem mudar a ordem natural,

apenas compondo aqui e ali,

o que não foi feito, o que devia ter sido falado.

Prolongar aqueles momentos, 

instantes que queria ainda presentes.

O que é que a vida já me disse,

e eu ainda não ouvi?

Repete as vezes que forem precisas,

sempre até eu ouvir, te ouvir.

Diz-me vida, o que é que eu faço?

Tudo está diante de mim, 

e eu sem saber o que fazer.

Como posso ter tanta tristeza em mim?

Porque não consigo ver alguma alegria?

Mudo, estarei cego e surdo? 

Haja quem me veja, me acuda.