segunda-feira, 16 de julho de 2012

Sem liberdade




A noite traz o frio, como há muito não se sentia.
O corpo e a alma cansados, aconchegam-se.
Apenas um recanto encontrar para descansar
da jornada longa que foi o dia, que está a findar.

Um pouco mais adiante talvez se encontre
tão desejado refugio para, todo enroladinho,
o corpo e a alma juntos, sem nunca se separar,
irem por fim poder um pouco descansar.

Depressa que se faz tarde, que se faz noite fria.
O caminhar frágil arrasta os trapos que cobrem
a pobre criatura que a noite acolherá, escondida,
para ali ficará enquanto a dores adormecem.


Deseja mais que nunca que algo aconteça,
de bom, de reconfortante para a dor aliviar
do dia que foi longo e penoso, que adormeça,
quero que não mais sofra a dor de assim estar.

Ao certo por certo não sei que me aconteceu.
Sei que o que não sei me aflige, me atormenta.
De uma vontade tão destemida de nada valeu
contra o infortúnio, toda a maldade da tormenta.

Sempre me dei ás causas em que acreditei.
Nada de mim resta de tudo quanto perdi,
alguém tirou, alguém destruiu tudo que eu vi
sem nada conseguir, me defender, definhei.

De uma tristeza tão envolvente como o manto da noite,
assim me sinto por dentro e por fora, enquanto respiro
para a dor parar de sentir, para me libertar a espada retiro
que nunca ousei empunhar por nunca acreditar no açoite.

Quero a sorte poder mudar, de tão infame destino fugir.
Serão os mais simples e crentes os mais sacrificados?
Mundo perverso este que alguns ousaram construir
para má sorte dos amantes da liberdade, mal amados.

Sinto uma dor no peito e na alma que não finda.
quero tanto adormecer, buscar um novo dia de paz.
O frio me envolve, ainda me sinto a respirar, ainda,
por quanto tempo mais? A alma parece que aqui jaz.

Se eu ao menos conseguisse me libertar,
mesmo sem forças para lutar,seria livre.
Pediria ao Sol que aquecesse os meus dias,
a Deus que saciasse o meu corpo e a alma.

Não mais teria desejos de ostentação
coisas que só aos hipócritas servirão.
Uma tigela de sopa, um bocado de pão
junto à lareira, junto ao amor no coração.

Mas descanso nem tréguas existem
para quem se denunciou na bravura
escrita ou falada, a tudo que vida tem,
por vontade ou descuidada loucura.

Não certo do sofrimento da vivência
ergui bem alto a palavra da indignação.
Sinto, num agora constante, a humilhação
dos que sofrem o ímpeto da prepotência.

De todo o tempo vivido
a tal nunca tinha assistido.
Ser senhor da sua pobreza
da mesma forma da nobreza.

Do nada já nem senhor sou.
Nem a paz existe na pobreza.
Escravo sem correntes, estou
ciente do toda a minha fraqueza.


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