sábado, 7 de julho de 2012

Acompanhando





Uma nova geração, outra forma de viver, outra forma de estar. A expressão " no meu tempo não era nada assim" repete-se sempre na observação que uma geração anterior faz à nova. Sempre foi assim e decerto assim sempre será. Os meus pais sempre diziam que a infância deles tinha sido muito difícil, em resposta às nossas reclamações do mau estar disto ou daquilo. Estou um pouco limitado ao fazer algum juízo de valor em relação "à geração dos meus filhos", à nova geração que me sucede. Acho que um pouco por entender bem o que lhes vai na alma. Eu também já vivi esse tempo, já fiz as minhas criticas, as minhas birras em relação à geração dos meus pais. E agora, qual o meu papel, que posição devo tomar? Não é muito simples. O que me preocupa não é uma observação de mero comentador alheio às circunstâncias da acção que se vai desenrolando. Eu também sou parte da mesma. Devo sempre usar o meu conhecimento em prol do futuro que é a cada instante. Decerto que é natural que eu me englobe, que deseje toda a prosperidade também para mim. Observo, ouço, tento fazer um paralelismo naquilo que eles talvez sintam do que eu um dia senti. Afinal o ser humano não muda assim tanto de uma geração para a outra. O sonhar, o ambicionar ser feliz são constantes eternas, como se de uma formula de matemática se tratasse.
Hoje a música não deixa de ser música, a dança não deixa de ser expressão corporal, o estar de cada um será sempre singular. O que me preocupa é quando vejo alguém "à parte", só. Ai tocam os sinos a rebate, aflige-me a alma e o coração. Detesto, não quero nunca que aconteça. Que devo eu fazer, que devo eu dizer? Uma conversa trivial para tentar quebrar o gelo, tentar entender qual a génese do problema, se é que existe problema. Por vezes é normal alguém gostar de estar só, viver um universo um pouco diferente da maioria. Mas preocupo-me se esse isolamento não é voluntário, se é uma forma de demonstrar desagrado por algo, um chamar de atenção, ou mais frequente ter sido marginalizado pela tribo dominante. Muitas vezes acontece, vezes de mais, mesmo que seja apenas uma. Eu sei que a perfeição, a harmonia, o pleno equilíbrio nas relações sociais é uma mera utopia. Mas vale a pena estar atento e agir em tempo próprio quando detectamos que algo não está bem. Pelo menos podemos atenuar muitos possíveis danos. Há marcas que ficam para sempre, dificilmente as ultrapassamos completamente. Com isto viajo um pouco no tempo, lembrando um pouco do que já passei. Mas não é só o que já passei, é muito mais o que ainda tenho para passar. Não vivo obcecado com essa preocupação, mas sempre fui um pouco como a formiga. Existe um tempo para semear, um tempo para cuidar, um tempo para colher, um tempo para guardar e todo o tempo é tempo de gastar. Fácil é perceber que em termos de unidade de tempo, o de gastar é imenso. Se não formos paulatinamente construindo algo sólido, estável, é de esperar grandes dificuldades no pico do inverno das nossas vidas. Eu sei que talvez não exista a eternidade nem nas palavras nem nas obras. Não é certo que quando semeamos iremos um dia colher. Mas temos de acreditar em algo, ter alguma fé. Se assim não for, para que vale objectivamente todo o nosso esforço diário para produzir, fazer parte do activo e, acima de tudo, criativo de factores positivos.
     A festa foi simples. Começou ao fim da tarde e prolongou-se até ao iniciar do dia seguinte. Houve muita dedicação para que nada faltasse, todos se sentissem bem. Cada um é uma parte activa, tem que fazer por se integrar, estar em grupo, socializar. Às vezes é um pouco difícil agradar a todos. Mas o objectivo é sempre o de cuidar de todos da mesma forma, talvez mais os que precisem de um "empurrãozinho". Ao principio fiquei um pouco assustado com a ideia. Pensava que o tempo iria fazer-me a vontade, estava enganado. Não houve maneira de desistirem, sempre todos os dias me lembrando. O fim de tudo foi quando começaram os preparativos a sério: o convidar dos amigos, as compras. Já não havia nada a fazer. O tempo não me escutou, preferiu ficar para ver o que tudo isto iria dar. Um pouco malandro, como aquele que gosta de ver briga e nada faz para mediar o conflito entre os colegas, aguardando pelo "festim". Não o levo a mal, não estou zangado com Ele. apenas tenho que cuidar de mim, descobrir o meu papel e interpretá-lo à altura. Hoje já tudo passou. Acho que gostei, que as coisas correram normais. Gostaria de olhar diferente para o futuro destes jovens, da minha família, de mim. Por muito que já tenha feito, não é hora nunca de se parar. Há sempre uma colina mais adiante para trepar, ver o que do outro lado vai, que rios lá correm, quem lá mora. Não é tempo de esmorecer, de se dar por vencido. Decerto mais umas passadas todos seremos capazes de dar, até ao cimo da encosta, e por certo de lá avistar novos horizontes. Do que precisamos todos é de sair deste fundo de vale onde nos encontramos e só vemos o céu escuro que tapa a saída lá no alto. Temos que trepar toda a encosta, nem que se fique com os dedos em carne viva, romper os calos dos pés nas pedras ásperas que teremos de transpor. Mas havemos de lá chegar, havemos de descobrir novos horizontes para onde iremos dirigir nossos passos, todas as nossas forças. Deixaremos bem para traz este momento de angustia, de medo, de incerteza. Serei capaz de acreditar? Se o conseguir nada deterá minha caminhada. Por favor, vamos todos acreditar. Acreditem que quando acreditamos realmente em algo, nesse mesmo instante "ele" já está acontecendo.

2 comentários:

  1. Olá!
    Muito interessante essa casa antiga. Pertenceu a alguma família em especial? Sou descendente de Manuel da Conceição e Ana Maria, do lugar da Estrada, séc. XVIII, e de outros. Gosto muito do seu blog. Parabéns.

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  2. Boa tarde. Que alegria ler o seu comentário. O Seu "lugar da Estrada" ainda cá está. Existe uma piada sobre o mesmo: Tu moras na Estrada? Resposta: Eu não moro na estrada, moro no lugar da Estrada na minha casa! A casa da foto é dos meus antepassados no Lugar das Agras, vizinho do lugar da Estrada. Em primeiro plano aparece um curral e palheiro por cima, que dava apoio à eira e canastro. Os portões verdes são a entrada para o quinteiro e casa de habitação onde eu nasci, cresci, casei, tivemos o primeiro filho. Mudamo-nos para a Nossa casa, que construimos no mesmo lugar,passados dois anos. Chama-se "a casa da Joana" em homenagem a quem a construi inicialmente. Era do meu Bisavô, passou para os meus Avós Paternos, para os meus Pais e agora é da minha irmã mais velha que cuidou Deles até à sua partida. Existe a casa primitiva, outra ao lado, currais e quinteiro fechado. Por cima da casa primitiva os meus pais construiram a casa para a família de cinco irmãos. Se um dia vier a Portugal, terei muito gosto em recebê-la em minha casa e dar a conhecer tudo o que sei da Nossa Freguesia de Mansores, Concelho de Arouca, Distrito de Aveiro. Desculpe só hoje responder, mas foi quando vi o seu comentário. Um abraço enorme e de muita nostalgia pois também ainda tenho família muito próxima no Brasil: Tia e Primos. O meu meil é: moreirafernandosousa@gmail.com

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