quarta-feira, 4 de julho de 2012

Sem assunto



Tocam baixinho os tambores da revolta. Bate-se em retirada, procurando abrigo, refugio deste infame ataque. Despido de qualquer defesa, clamo aos Deuses ajuda. Nada nem ninguém me pode valer. O coração já não sabe o jeito que deve bater: ora apressado, ora quase parado. A angustia toma a alma de rompante, o corpo à muito que está prostrado por terra, indefeso. Como foi isto me acontecer? Nem tempo há para fazer perguntas, quanto mais esperar a resposta. Corro enquanto posso, procurando algo que me acuda deste tormento que sobre mim desabou. As palavras de coragem e ânimo que um dia proferi a outros, já não as entendo, não as compreendo, não as ouço sequer. A existirem seriam mera retórica de quem  nada tem que fazer. De que me bastam nesta hora perdida, de suplicio  final? Ou será o prenuncio de um final que está para breve? Se eu alcançar aquele monte mais adiante, talvez possa encontrar algo, alguém que me defenda. Despiram-me, crucificaram-me no calvário das imposições feitas por quem tem o poder. Por que só faz quem pode, quem tem o poder. Mas que raio de poder é este? Onde estes loucos foram investidos de tal força, de tal poder? Blasfémia aos que sempre lutaram contra as trevas, este poder que aniquila a simples condição humana de existir. Às armas, grita-se baixinho, apenas um sussurrar, um falar para dentro. Não há forças para lutar. Poucas para respirar. Incrédulo assisto ao meu martírio de nada conseguir fazer. Para que poupo este resto de forças? Porque não as lanço numa derradeira batalha, numa ultima tentativa de algo mudar? Porque fui eu aqui plantar todo o meu amor, todo a minha dedicação? Porque fui acreditar que apenas basta amar para se ser amado? Existe sempre alguém que não consegue dizer a verdade, alguém que apenas sabe magoar. Se os meus sonhos apenas do vento precisassem para se mover, do sol para se aquecer, da chuva para se saciar. Ai se os meus sonhos sonhados  fossem, adormecia aqui mesmo, eternamente. Se coragem houvesse para não temer tudo perder.
Foi mais um dia que passou apenas porque tinha que passar. Vão-se amontoando os exemplos de pura violência psicológica à minha volta. Os actos mais bárbaros tornam-se rotina dos senhores do poder. Sem alma, sem respeito, sem consideração por quem quer que seja. Vazios de valores humanos, lançam o terror naqueles que simplesmente a vida querem levar, de uma forma simples e singela, apenas conservando a sua  integridade moral, a sua liberdade. Tanta  ingratidão para quem sempre tudo de si deu. Porque tem que ser assim?


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