sábado, 9 de junho de 2012

Aquela flor

Uma flor te quero dar. Uma flor quero encontrar para te oferecer. Mas que flor? Onde poderei eu encontrá-la? Não sei bem onde começar a procurar, a flor que te quero dar. Não pode ser uma flor qualquer, ou pode? Porque uma flor será sempre uma flor. Não estou preocupado com o tamanho, a cor, a forma, o aroma. Apenas quero uma flor que seja flor, seja obra da natureza, um aroma doce e libertador da mente, que me inspire. Onde encontrarei tal flor: num jardim ,  nascida numa encosta, num monte qualquer, junto a um ribeiro, numa frincha de uma rocha, bem no alto, no topo da escarpa? Que flor irei colher para te dar, como saberei que é aquela, e não mais nenhuma? Terei que sair do meu canto, por-me a caminho, procurar por onde possa imaginar encontrar. Não sei ao certo o rumo, lembro alguns lugares que de aroma tão intenso e doce paravam meus passos, apenas para as contemplar. Sim, porque aquelas Deusas no seu templo estavam e desejavam continuar a estar. Não eram flores para ser colhidas por um qualquer, ali tinham nascido, sozinhas, sem cuidado algum de um qualquer humano. Livres e selvagens, só assim a sua beleza era tão intensa, tão inspiradora. O que  que a natureza pode criar. Sim, pois a sua mãe mais orgulhosa não poderia estar. E se, num acaso tão estranho, a encontro, tão bela e adornada das cores mais vivas,  e não a posso colher, a flor para te oferecer? Como farei para até a ti a levar, sem do seu pé a cortar? Ainda não me pus a caminho, ainda não fiz a caminhada para a descobrir, e já me sinto a desistir de uma flor para ti colher, oferecer. Não quero pensar mais, vou sair por ai, correndo os carreiros dos montes que eu  conheço. Se não a encontrar, a flor que te quero dar, inventarei novos carreiros, subirei outros montes, descerei até todos os ribeiros ou rios só para a encontrar, a flor que te quero dar. Mas porquê uma flor oferecer? Que te quero eu dizer? Confuso me sinto, por tanto procurar e a flor não encontrar. Mais perdida do que eu, ela deve estar dos caminhos que piso, descalço, sentindo a terra, inspirando os aromas que liberta para os reter o mais possível dentro de mim. Aí como me sinto inquieto, impaciente, por ainda não ter encontrado a flor para ti, só para ti.
Se a encontrar, que fazer para a colher sem a ferir, a magoar, uma tão bela flor? Irei pedir ajuda Divina que me siga e diga o que devo fazer  para aquela flor colher, sem ela murchar, perder a beleza e a vida que fazem dela a flor que eu te quero dar.
Quando a encontrar, por certo com ela irei falar. Dizer tudo o que me levou até ela, o porquê de todas as interrogações que  fiz até decidir ir à procura, as dúvidas que ainda tenho, mesmo sabendo que uma flor  quero oferecer. Quererá ela ser a minha flor?  Saberei as palavras certas para que ela queira ser a flor que te quero oferecer? Apenas lhe posso contar tudo, confidente minha será de tudo que a vida em mim é. Não mais me preocuparei se sou ou não merecedor daquela tão bela flor, que um dia decidi colher, só para a ti oferecer. Ao seu julgamento me submeterei de livre vontade, sem nada desejar. O que acontecer não irá mudar nada do que até ali decidi. Por uma flor te querer oferecer, de um caminho percorrer só para a encontrar, a flor para te dar. Nada desejo mudar por te querer, uma flor oferecer. Se a tal flor encontrar e por mim ela não desejar ser colhida, não me arrependerei de em ti pensar, em ti sentir que uma flor podia oferecer. Triste estarei e ficarei por não ter uma flor para te oferecer. 
Pela mão te pegarei e não mais largarei. Vou levar-te por todos os montes da minha vida, oferecer-te todas as flores que queiras colher com o olhar, respirar o seu perfume doce e tranquilo, tocar-lhe e sentir, mas sempre sem as colher, por tão belas e livres elas serem e quererem sempre ser. Quero que colhas todas as que desejares, e que as tragas aos molhos no colo do teu olhar. 
Uma flor há muito desejo encontrar para ti. Uma que seja  a mais colorida, a mais formosa, a mais cheirosa, de todas a mais bela. Será que vais aceitar a flor que eu encontrar para te dar?

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