segunda-feira, 4 de junho de 2012

Catequese

" Vinde a Jesus". É uma frase que há muito andava guardada. Esta frase está inserida num contexto particular: as cerimónias da "Profissão de Fé" ou "Comunhão Solene". Não é uma frase qualquer, mas um apelo para que alguém se levante, se ponha a caminho. Desejo apenas fixar toda a minha atenção num determinado momento, num local sagrado, cheio de gente, cheio de vida, cheio. A igreja está sempre bonita. É sempre um local que nos incute respeito e nos leva a meditar, mesmo que de pouca fé sejamos. Neste Domingo algo em particular me surpreendeu: o chamamento dos "Anjinhos" aos meninos que faziam a sua "Comunhão Solene" com a expressão" Vinde a Jesus".
A minha mãe lembrou outros tempos, que era assim e depois deixou de ser. No tempo "dos dela" não foi nada assim, como quando foi no dela. É bom alguém lembrar, alguém não deixar esquecer, porque existem coisas que nunca se deviam esquecer. Achamos que os tempos são outros e, por assim dizer, também as necessidades. É possível que assim seja. Pelo menos a esmagadora maioria assim nos faz crer. Mas será que o Homem mudou assim tanto o seu ser intimo? As suas necessidades são só alimentar o corpo e a luxuria? Então como se pode explicar que mesmo tendo tudo se sente tantas vezes um vazio imenso? Mas o que falta então? É algo que tantas vezes nos colocamos. Falta-nos tudo, quando não temos vivência interior. Esta vivência é algo que cada um tem de descobrir, preencher, de muitas formas o pode ser. A fé tem algo de positivo, de bom, ajuda muito. Eu não quero especificar que a fé deva ser isto ou aquilo. Eu não tenho vergonha nem receio de dizer que acredito em Deus, na vida de Jesus e Seus pais e em todos que de uma forma pura transmitiram a sua palavra. Mas não ouso julgar quem noutra religião acredita, desde que respeite a vida, o amor, a paz, a sã convivência entre todos os povos.Mas o momento é o de questionar porque se alteram certos rituais que só embelezam de uma forma pura o acto solene que é comungar em festa.
Admiro muito quem trabalha, quem faz algo. Não sou muito dado a esses trabalhos, mas tento ajudar de outra forma, mais discreta, mas que acho que deve acontecer. A Freguesia ainda vai tendo gente. Os andores ainda encontram ombros para os carregar. São menos, mas ainda os há. Eu costumo acreditar que pouco é muito diferente de nada. Quando temos alguma esperança, não é o mesmo que estar pelo chão, morto, já sem vida. Por vezes assistimos a renovações mesmo a partir de uma pequena semente, uma erva que quase secou mas com a chuva voltou a rebentar e a encher o prado de uma cor viva. Com os homens também é algo parecido. Por vezes basta um para começar aos poucos grandes mudanças. É sempre necessário alguém dar o primeiro passo, aventurar-se, não ter receio. Quase sempre acontece que alguém lhe vai seguir os passos, e mais outro, e mais outro.
Muitas actividades que acontecem quer no âmbito religioso quer na acção social, depende do voluntariado. O caso da Catequese é um bom exemplo. Acho que ninguém esquece por completo a catequese, muito menos quem a ensinou. Eu lembro muito bem a Senhora Miquinhas do Martins. Não sei se são os meus olhos que a assim vêem, ou se é alguma graça divina que escolhe determinadas pessoas para exercerem estas funções. No meu caso tive o privilégio de conhecer tão encantadora pessoa. E não era fácil ter paciência com aquela "canalha" toda. Ao redor, sentados em bancos de madeira corridos, na antiga cozinha, que agora vista mais ao longe, mais se parece com uma pequena ermida, no alto de uma pequena fraga. Até o local onde aprendíamos era especial, acolhedor. Como era bom ir para os campos e passar na "vinha do Martins", com os seus campos em escadinha, que descia tanto quando íamos para o campo, como subia quando vínhamos carregados com os molhos do pasto para o gado. Mesmo no pico do verão, a sombra das videiras e das árvores de fruta mantinham aquele lugar aprazível. Quantas vezes enganávamos a barriga com a fruta que apanhávamos do chão, quase sempre. Nesta obra que é ensinar, cuidar, plantar árvores de todas as espécies, para um dia se poder colher, haverá sempre a mão do Homem, a bênção da natureza e a graça de Deus. Peço perdão por muitas orações já ter esquecido, fraca memória ou apenas o deixar de as dizer. Mas sei que mas ensinou, como a todos os outros miúdos. Agora como pai algumas vou aprendendo com os filhotes. Que eles tenham a sorte de um dia recordarem a catequese e a catequista como eu recordo. que sejam mais afortunados na memória ou não deixem de as dizer, as orações que aprenderam. O meu muito obrigado à Senhora Miquinhas que já partiu mas que ainda vive nas recordações de todos que a conheceram. 

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