Conta-se que, há muito tempo, existia um fotógrafo que andava de terra em terra a fazer o seu
trabalho para ganhar o pão de cada dia. Tempos miseráveis que exigiam muito
engenho e arte para se poder granjear uns mingados tostões. Nessa luta diária, lá
ia o fotógrafo com o seu laboratório e máquina fotográfica tentando conseguir o
maior número de aderentes a querer imortalizar-se pela arte da fotografia.
Chegado a uma determinada terra, montou a sua tenda no largo da Igreja. Era domingo,
o povo da terra estava participando na missa Dominical. Resolveu aguardar que a
Missa terminasse para “apanhar” o maior número de pessoas. Quando as pessoas
começaram a sair da Missa, que tinha terminado, lá estava ele se anunciando às
portas da velha Igreja, pedindo a todos que se juntassem pois gostaria muito de
os fotografar.
-
Não demora nada e custa muito pouco. – Dizia ele em voz alta que se ouvia em
todo o adro. Alguns mais reticentes que outros lá foram acedendo ao pedido e em
breve estavam todos juntos, prontos para a tão problemática fotografia dos
habitantes da terra. Já com a máquina pronta, o forasteiro dirige-se assim às
pessoas:
-
Obrigado pela Vossa disponibilidade. Eu estou aqui para vos tirar... – Mal acabava
de dizer a última palavra, alguém ergue bem alto a sua voz e diz o seguinte,
enquanto já se ia afastando do grupo em direcção a casa:
- A mim é que não me tiram nada. Homessa,
pensa que eu sou algum tolo ou o quê? – E deste jeito todos se começaram a
inquietar enquanto o pobre fotógrafo tentava explicar que apenas iria “tirar” o
retrato da comunidade. Enfim, esta falha de comunicação levou a maior parte a
dispersar-se e ir para casa, sem que se lhe tenha “tirado” a fotografia.
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